Publicado em 4 de janeiro de 2021
Pesquisa da Associação Paulista de Medicina (APM) realizada em fevereiro deste ano, mostra que 65% dos médicos brasileiros já utilizam WhatsApp ou outro aplicativo de mensagens por celular para falar com pacientes. Oitenta e oito porcento acompanham seus pacientes, além do atendimento presencial, usando os aplicativos, e-mail ou chamada de voz. No entanto, 99% dos médicos não sabem como cobrar por este atendimento extraconsulta.1
A transformação digital na saúde tem apresentado crescimento ao longo dos últimos anos. Em 2018, houve um aumento de 13,5% no consumo de tecnologia médica, chegando a uma previsão de crescimento de 5 a 7% para 2019.2 Em 2020, em decorrência da pandemia, houve uma aceleração na implantação de canais digitais como telemedicina, teleconsulta, prescrição médica entre outros.3
A receita eletrônica deve ter a assinatura digital do médico. Para isso, o profissional de saúde precisa possuir autorização de acordo com a regulamentação da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira.4
Um bom exemplo é o prontuário do paciente, que migrou do papel para o eletrônico tornando-se uma plataforma de comunicação, digitalização, armazenamento e interpretação de dados. Pela sua possibilidade de organização das informações de forma estruturada, oferece suporte e apoio à tomada de decisão por parte da equipe médica. Somado a isso, com a possibilidade da integração do prontuário a aplicativos, atualmente o paciente pode enviar os resultados dos seus exames laboratoriais e de imagem.5
Lançado no início do ano no Brasil, um app permite que o paciente solicite consulta, inclua sintomas, alergias e outros dados que possam contribuir para o diagnóstico e, após a consulta, as informações relevantes colhidas no atendimento ficam disponíveis no prontuário digital e podem ser acessadas por outros profissionais de saúde sempre que forem realizar uma consulta.6
Para os médicos, estes prontuários são ferramentas importantes de engajamento de pacientes ao próprio tratamento. Apesar de toda evolução, a ausência em si de recursos de segurança e confidencialidade gera descrédito, aumentado a desconfiança do usuário. No entanto, a recente Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) trouxe mais segurança jurídica para os pacientes, profissionais de saúde, operadoras de saúde e outros envolvidos, uma vez que regula o tratamento dos dados pessoais. 7
Alguns hospitais e laboratórios brasileiros têm usado algoritmos para predizer a qualidade de vida de pacientes oncológicos graves, monitorar pacientes internados a fim de detectar sinais de sepse para alertar a equipe médica com antecedência e viabilizar um tratamento imediato para prevenir complicações, mortes evitáveis e, mais recentemente, identificar pacientes com insuficiência respiratória, entre outros.8
Um novo tipo de relação entre médicos e pacientes surgiu com as redes sociais e fez com que os profissionais de saúde passassem a utilizar essas plataformas para produzirem conteúdos e se relacionarem com seus pacientes. 9 Pelo Facebook e Instagram, os médicos começaram a divulgar artigos, esclarecer dúvidas, desmistificar alguns temas, usar os stories com vídeos sobre assuntos de sua área e alguns possuem inclusive canal no Youtube para compartilhar informações sobre doenças relacionadas à alimentação e outras curiosidades da medicina preventiva.10
O próprio Conselho Federal de Medicina (CFM) alterou o Código de Ética e incluiu práticas dos profissionais no ambiente digital.11
Nas últimas décadas, os riscos associados aos cuidados anestésicos foram drasticamente reduzidos. O avanço tecnológico tem desempenhado um papel significativo na melhoria da segurança do paciente, bem como no ambiente de trabalho dos anestesiologistas. Sistemas de informação e gerenciamento de anestesia, melhor design de aparelhos de anestesia, distribuição de anestesia em circuito fechado e robôs desenvolvidos para auxiliar na administração de anestesia regional são alguns exemplos.12
Com um aplicativo já é possível realizar o prontuário anestésico do paciente 100% digital, o que auxilia o anestesiologista a analisar dados perioperatórios.13
Outro app médico facilita a realização dos cálculos mais comuns na indução e manutenção da anestesia. 14 E já existe um jogo virtual criado para ajudar a reduzir o estresse e ansiedade de crianças antes de um procedimento cirúrgico. De forma lúdica, a criança aprende sobre os materiais e equipamentos que serão utilizados nos procedimentos anestésicos para cirurgias ou exames. 15
Resultados concretos e promissores foram obtidos nos domínios da medicina intraoperatória e gerenciamento da dor pós-operatória e crônica, que podem ser aprimorados com o desenvolvimento de um software mais complexo que incorporará um maior número de parâmetros e dados diversos para gerar modelos de previsão mais poderosos. 16
Estudos de big data ajudaram a definir o risco de complicações raras da anestesia obstétrica, compreender as tendências em eventos adversos relacionados à anestesia durante o parto cesáreo, bem como delinear disparidades raciais / étnicas potenciais nos cuidados da anestesia obstétrica. 17
As redes sociais também são utilizadas pelos médicos para troca de conhecimentos, experiências e debates de casos clínicos, questões salariais, condições de trabalho, procedimentos, entre outros. 18
Nesse cenário de ampla disponibilidade de recursos e informações à disposição, é necessário refletir sobre mudanças na prática médica, de modo a reservar mais tempo para que o médico possa ouvir, obter e/ou analisar dados do paciente, explicar e propor soluções para seu problema e aliviar suas tensões. 19
Referências:
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